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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Fim

No apartamento me disfarço por entre as quinas da parede. Observo cada inseto escondido pelas madeiras, rangendo. Há cumplicidade, tanta. É tanta calma que me temo. Frente a mim há a espera de uma mãe; que chora todos os dias.

Observo-me com os nervos tensos naquele choro. Sabemos quando o choro pode matar, porque ele tem direção. Lá está ela, novamente na velha janela. Recebendo todas as gentes que um dia carreguei comigo. Ela está tão vulnerável, vejo-a com a transparência de uma vidraça.

Procuro sua linguagem e tomo o asfalto como seu túmulo imediato. Separo o que tanto me pertence e nela está. Ela chora a morte do filho, abrindo os braços para alçar seu repentino vôo de liberdade.

Não conseguirá ir longe.

Um comentário:

João Killer disse...

Poxa, sensacional. Sem palavras pra descreve. Com certeza algumas escolhas não nos levam muito longe. Apenas deixam marcas em quem aqui estão por nos.